SerformanceP é o encontro entre a performance art e o público, em palcos vivos espalhados por São Paulo. A cada obra, executada em sincronia com o fluxo da cidade, descobrimos mais sobre a arte, os artistas, os espaços onde tudo acontece – e também sobre nós mesmos.
Todas as apresentações são gratuitas e abertas ao público
SerformanceP is the meeting point between performance art and the audience, in vibrant stages scattered throughout São Paulo. With each work performed in sync with the city’s flow, we discover more about the art, the artists, the spaces where everything unfolds—and about ourselves as well.
All presentations are free and open to the public.
5pm – 10pm
O Estúdio Lâmina ocupa um prédio histórico construído na década de 1940, situado no centro histórico de São Paulo. Reconhecido por suas residências artísticas, exposições e eventos, o espaço explora diversas linguagens, incluindo artes visuais, performance e música. Com um bar e pista de dança, o estúdio também abriga festas de cultura urbana underground. Seu enfoque colaborativo faz dele um importante ponto de encontro para artistas de diferentes disciplinas, promovendo um ambiente dinâmico e inclusivo no cenário cultural da cidade.
Estúdio Lâmina occupies a historic building constructed in the 1940s, located in the historical center of São Paulo. Recognized for its artistic residencies, exhibitions, and events, the space explores various languages, including visual arts, performance, and music. With a bar and dance floor, the studio also hosts underground urban culture parties. Its collaborative focus makes it an important meeting point for artists from different disciplines, fostering a dynamic and inclusive environment in the city’s cultural landscape.
Pele Preta e Pele Branca
Pio Santana
São Paulo, SP
Pio Santana, artista, pesquisador e professor universitário, é Doutor em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP, onde também atua como docente. Sua obra apresenta uma ação performática com duas peças de chiffon – uma preta e outra branca – vestidas por duas pessoas simultaneamente. A interação livre entre os participantes investiga as dimensões estéticas, culturais e sociais que emergem do encontro entre diferentes tons de pele. Com duração de 10 minutos, a performance propõe reflexões sobre identidade e convivência a partir da materialidade do tecido e da presença física.
Escultura Vestível
Herika Reis Kohl
Rio de Janeiro, RJ
Herika Reis Kohlrausch é artista multimídia, pesquisadora do corpo e educadora, com formação em Artes pelo SENAI/CETIQT e em Dança Contemporânea pela Escola Angel Vianna (RJ). Sua prática transita entre dança, performance e artes visuais, destacando-se como idealizadora da obra “Escultura Vestível” (2015). Esse projeto foi apresentado em espaços como o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, o Palco Aberto do FIL (CCBB RJ) e em ruas e espaços abertos, criando um campo de experimentação entre corpo e objeto. Inspirada em artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, a performance explora estímulos sensoriais e limites corporais, proporcionando ao espectador uma experiência única e subjetiva. Herika é também cofundadora do Coletivo Comover e vem participando de diversos festivais e exposições, além de integrar projetos premiados pela Lei Aldir Blanc e Funarte.
mapear indícios de anarcorpo – somagrama: ativação 2
Reyan Perovano
Cariacica, ES
Reyan Perovano, mestra em Arte pela UFES, é artista, escritora e tatuísta cuja prática se debruça sobre a investigação de gênero, sexualidade e identidade. Suas performances ativam processos entre o real e o inventado, explorando a pele como fronteira e espaço de subjetivação. Em mapear indícios de anarcorpo, Reyan busca desobedecer gestos coloniais de gênero e criar registros que documentem desejos e travessias presentes. A performance envolve o uso de tecidos crus, ataduras, giz, carvão e tintas para gerar uma ativação sensorial em tempo real, compondo uma cartografia viva do corpo e da memória coletiva.
Joanas D’arcs Reexistem
Silvia Diaz
São Paulo, SP
Atriz, performer e dramaturga, Silvia Diaz refaz, em 2024, uma nova versão do Projeto Joana D’arcs, apresentado em edições anteriores das Satyrianas. A performance, inspirada no mito de Joana D’Arc, reflete sobre a resiliência feminista em uma sociedade patriarcal. Durante a apresentação, as performers permanecem amarradas e com fitas adesivas nas bocas por 20 minutos, até que, aos poucos, se libertam das amarras. A obra é uma metáfora poderosa sobre os silenciamentos impostos às mulheres e a luta por liberdade e expressão.
22pm – 4am
A partir das 22h, o Estúdio Lâmina abre suas portas para o Projeto Grind, que há mais de duas décadas mantém uma das pistas de dança mais emblemáticas de São Paulo. A atmosfera hedonista une as culturas LGBT+ e do rock’n’roll, criando um espaço vibrante e acolhedor para a diversidade de corpos e expressões de gênero. Além dos DJs – como seu fundador André Pomba, recentemente falecido – o Grind também se consolidou como uma plataforma de expressão para artistas performáticos, que apresentam suas esquetes no palco montado na pista de dança
Starting at 10 PM, Estúdio Lâmina opens its doors to Projeto Grind, a party that has sustained one of São Paulo’s most iconic dance floors for over two decades. The hedonistic atmosphere bridges LGBT+ and rock’n’roll cultures, creating a vibrant and welcoming space for the diversity of bodies and gender expressions. In addition to the DJs – including its late founder, André Pomba – Grind has also become a platform for performative artists, who showcase their sketches on a stage set up on the dance floor.
Celebre-ação: noite de pregação sapatão
Boleia Coletiva – Teatro Sapatão
São Paulo, SP
Em resposta à falta de coletivos voltados à cultura lésbica, quatro mulheres fundaram, em 2020, a Boleia Coletiva – Teatro Sapatão. Após um período de estruturação, em 2024, apresentam a performance Celebre-ação: noite de pregação sapatão. Nesta obra-laboratório, quatro lésbicas realizam um ritual envolvendo colagem de sola com velcro e cola de sapateiro, pregação com tripé de sapateiro, leitura dos “Dez Mandamentos Sapatônicos” e a construção de um altar.
Kell convida House of Mutare
House of Mutare
Porto Alegre, RS / São Paulo, SP
Fundadora e mãe da House of Mutare, Kell Barth é uma multiartista LGBTQIA+ que atua nas áreas de música, dança, moda e teatro. Integrante ativa da comunidade ballroom, Kell e sua casa destacam a importância do vogue como forma de expressão e resistência cultural. A intervenção contará com uma performance coletiva de vogue, além de apresentações visuais de categorias como face e runway. A proposta visa familiarizar o público com a cultura ballroom, reafirmando suas raízes afrodiaspóricas e o papel da comunidade trans, preta e latina na criação desse espaço de autoexpressão e celebração de corpos dissidentes e marginalizados.
Menino Positivo
Jon Diegues
São Paulo, SP
Jon Diegues, bailarino, ator, compositor e poeta, expressa sua arte como uma resposta às demandas da vida. Em Menino Positivo, ele conta, por meio de poesia e dança, sua trajetória de superação após o diagnóstico de HIV. A performance retrata as dificuldades enfrentadas e o processo de reencontro com o amor próprio.
Victor Lazari
São Paulo, Brasil
Ator performático e professor de maquiagem e criação de personagens, Victor Lazari atua no meio artístico há mais de 30 anos. Conhecido por suas apresentações marcantes com um visual andrógino, uma de suas performances mais icônicas envolve o uso de uma serra que produz faíscas no palco. Victor Piercing é personagem habitué da festa Grind e uma dos principais nomes da performance art em festas noturnas de São Paulo.
Odynophagia
Marília Hermes
Chapecó, SC / São Paulo, SP
Marília Hermes é uma performer aposentada e organizadora do extinto “Curto Circuito de Performance” em Chapecó, SC. Sua performance Odynophagia faz parte de uma série na qual doces e suspiros são esmagados à força contra sua boca e rosto, satirizando a fetichização dos corpos gordos na sociedade contemporânea. A obra revela a violência implícita na objetificação e idealização desses corpos, questionando as narrativas de controle, consumo e prazer projetadas sobre eles.
14h – 17h
O CEU Heliópolis foi projetado para ser um espaço de inclusão e cultura na maior favela (termo em debate) de São Paulo. O complexo oferece infraestrutura para diversas atividades artísticas e educativas, tornando-se um ponto de convivência para os moradores. A SerformanceP 2024 escolheu como um de seus palcos o CEU Heliópolis, com sua arquitetura assinada por Ruy Ohtake, por sua representatividade e pelo poder de ressignificar a cidade através da arte. Ao ocupar este espaço, o festival conecta performance arte à comunidade em uma experiência única de troca e presença.
CEU Heliópolis was designed to be a space for inclusion and culture in the largest favela (term under debate) in São Paulo. The complex offers infrastructure for various artistic and educational activities, becoming a meeting point for residents. SerformanceP 2024 chose CEU Heliópolis as one of its stages, with its architecture designed by Ruy Ohtake, for its representativeness and the power to redefine the city through art. By occupying this space, the festival connects performance art to the community in a unique experience of exchange and presence.
Juazeiro do Norte, Ceará
Williana Silva é uma artista, educadora e pesquisadora do Ceará, com atuação na intersecção entre arte, feminismo e questões de gênero. Atualmente doutoranda na UNESP e mestra em Artes Visuais pela UFBA, sua produção inclui performances, instalações, vídeoarte e intervenções urbanas. Em Mira, a artista performa uma ação de denúncia sobre a violência patriarcal no Brasil. Sentada no chão, ela lava seus pés com sangue de uma bacia, cercada por facas, e estende tecidos com dados sobre feminicídios e outras violências contra mulheres. O ato transforma um ritual cotidiano em uma denúncia poderosa das opressões coloniais e patriarcais, expondo o impacto brutal dessas violências no corpo feminino.
Performance de improviso coreográfico
Teresa Ricco
Belo Horizonte, Minas Gerais
Teresa Ricco é bailarina, coreógrafa e artista performática com uma longa trajetória no universo da dança. Durante 15 anos, liderou seu próprio estúdio em Belo Horizonte. Desde 2019, Teresa migrou sua prática para performances em espaços públicos, onde explora a interação entre corpo, cidade e acaso. Em sua performance, a geografia local e objetos encontrados no ambiente se tornam parte da cena, convidando o público a participar livremente e moldando o resultado final. O improviso, marca central de seu trabalho, transforma a rua em palco e desafia as fronteiras entre arte e cotidiano.
M.U.R.T.A.
Kareen Labbé Weber
Concepción, Chile
Kareen Labbé Weber, conhecida como M.U.R.T.A., é uma arquiteta que desenvolve projetos sustentáveis em seu escritório Atmosphere Architecture. Como artista de performance, integra dança e artes visuais em seu trabalho. Nessa obra, blocos de gesso são moldados aos seus pés, simbolizando as dificuldades enfrentadas pelos sul-americanos em avançar e se desenvolver. A performance progride com a quebra dos blocos, revelando sons e cores, símbolo da resiliência e a capacidade de superação desses povos, projetando uma identidade cultural vibrante para o mundo.
14h – 19h
Ainda em construção, o Parque do Rio Bixiga representa uma conquista importante para a preservação de espaços públicos e culturais em São Paulo, fruto da resistência comunitária contra a especulação imobiliária. Localizado no coração do Bixiga, tradicional bairro no centro paulistano, o terreno expressa o desejo de manter a cidade acessível e viva. A SerformanceP 2024 escolheu esse local como símbolo de ocupação artística e cidadã, com performances no entorno do futuro parque, reforçando a ideia de que ele já pertence às pessoas e serve como espaço para criação e experimentação artística.
Still under construction, Rio Bixiga Park represents an important achievement for the preservation of public and cultural spaces in São Paulo, the result of community resistance against real estate speculation. Located in Bixiga, a traditional neighborhood in the central area of São Paulo, the land expresses the desire to keep the city accessible and lively. SerformanceP 2024 chose this location as a symbol of artistic and civic engagement, with performances around the future park, reinforcing the idea that it already belongs to the people and serves as a space for artistic creation and experimentation.
EPO – OU COMO OXIGENAR A REGIÃO DA BIXIGA
Triste Midríase
Sorocaba, SP
O duo Triste Midríase, formado por Urutau Maria Pinto e Maflõ, explora rituais de criação sensorial e performativa, conectando corpo e terra por meio de experimentações híbridas. A performance EPO (nome de um hormônio) explora a criação de ambientes sensoriais imersivos que conectam corpo, arte e ancestralidade. A obra se molda em tempo real, promovendo uma troca profunda entre artistas, espaço e público, abrindo caminho para a circulação de memórias e tecnologias ancestrais. A interação híbrida e performativa busca reoxigenar espaços e corpos, propondo novas formas de relação e criação artística.
Michel Arantes
Cariacica, Espírito Santo
A performance de Michel Arantes propõe uma metamorfose do corpo e da identidade por meio da aplicação de argila e elementos naturais sobre o rosto e outras partes do corpo. Iniciado no chão, com um pote de água e argila, o artista molha e pinta o rosto, expandindo o gesto pelo peito, braços e pernas. Em seguida, ele cobre completamente a cabeça, anulando suas feições e adicionando elementos como galhos, ossos e crânios, transformando-se em uma criatura pertencente à sua própria mitologia. No final da performance, a Figura se desintegra, mas o artista nunca retorna ao estado original, permanecendo em constante transformação ao longo de suas intervenções artísticas.
exercício para abrir o mar nº 2
Thales Ferreira
Rio de Janeiro, RJ
Thales Ferreira é um artista multidisciplinar que explora as hibridizações entre dança, cinema e artes visuais, focando na relação entre o corpo e a imagem. Com formação em Cinema e Audiovisual pela UFF e atualmente mestrando em Artes da Cena pela UFRJ, ele desenvolve obras que dialogam com temas contemporâneos, como a emergência climática. Em sua performance, utiliza uma película plástica para representar a relação entre as águas e o corpo, criando imagens sonoras e visuais que evocam as tensões entre o controle e a imprevisibilidade. A pesquisa é enriquecida por referências do Butoh-Fu japonês, onde o corpo se torna um meio de reflexão sobre o impacto das mudanças climáticas.
Eixo temático: Percepções através de multiversos
A Alma Perdida
Cia Sem Máscaras de Teatro
São José dos Campos, SP
A Cia Sem Máscaras de Teatro traz uma reflexão profunda sobre a invisibilidade das pessoas em situação de rua nas grandes cidades, através da performance “A Alma Perdida”. A narrativa gira em torno de uma alma que, ao vagar pelo plano espiritual, busca uma nova chance de vida ao se deparar com Deus, apenas para descobrir que não está no plano dos mortos. Com uma homenagem ao humanista Júlio Lancelotti, a performance se aprofunda no desamparo e nas complexas relações entre humanidade e religiosidade, propondo um mergulho filosófico em tempos de desumanidade.