SerfomanceP

Eixos Temáticos 2024

A Curadoria da SerformanceP funciona como uma grande antena que capta o espírito do tempo transmitido pelos artistas. 

Dezenas de performers enviam suas obras para participar da SerformanceP. Recebemos todas as inscrições e analisamos os materiais. Com base nas propostas enviadas, a curadoria da mostra delineia eixos temáticos que compreendem uma mensagem  do Zeitgeist contemporâneo de cada edição. 

Em 2024, as obras foram articuladas em torno de 4 eixos. Todos foram ilustrados com o uso de inteligência artificial com prompts guiados pela estética dos povos Huichol, nativos da região do México. Com isso, a SerformanceP busca alimentar o imaginário tecnológico com imagens decoloniais.

SerformanceP Curatorship works like a large antenna that captures the spirit of the time transmitted by the artists.

Dozens of performers send their works to participate in SerformanceP. We receive all applications and review the materials. Based on the proposals sent, the exhibition curator outlines thematic axes that comprise a message from the contemporary Zeitgeist of each edition.

In 2024, the works were organized around 4 axes. All were illustrated using artificial intelligence with prompts guided by the aesthetics of the Huichol people, native to the region of Mexico. With this, SerformanceP seeks to feed the technological imagination with decolonial images.


A urgência do fim

As pessoas estão cansadas. As obras deste eixo mostram artistas que querem uma saída, voltar à luz, deixar a verdade sair. Prédios demolidos, carnes expostas em público, autoflagelos e mantras de sobrevivência são símbolos que mostram um desejo de escapar deste cenário apocalíptico.

Esse caminho passa pela revisão de paradigmas. Adiar o fim do mundo, uma expressão de Davi Kopenawa bastante difundida por Ailton Krenak, lideranças indígenas brasileiras, também fala deste processo. 

People are tired. The works in this area show artists who want a way out, to return to the light, to let the truth out. Demolished buildings, flesh exposed in public, self-flagellation and survival mantras are symbols that show a desire to escape this apocalyptic scenario.

This path involves reviewing paradigms. Postponing the end of the world, an expression by Davi Kopenawa widely spread by Ailton Krenak and Brazilian indigenous leaders, also speaks of this process.


Cura coletiva

O ser humano é um animal social. Desde crianças, nos reunimos para brincar sem motivo algum a não ser o prazer. Da mesma forma, ainda que – ou melhor, sobretudo enquanto – adultos, também podemos nos reunir para dançar e brincar como forma de nos curar.

As obras deste eixo mostram grupos de pessoas se encontrando para danças, brincadeiras e rituais de cura. A conexão com a natureza por meio de movimentos circulares e que mimetizam as águas também mostra que a coletividade envolve outros seres e forças além da espécie humana. 

Human beings are social animals. As children, we gather to play for no reason other than pleasure. Likewise, even as adults, or rather, especially as adults, we can also gather to dance and play as a way of healing ourselves.

The works in this section show groups of people meeting to dance, play and perform healing rituals. The connection with nature through circular movements that mimic the waters also shows that collectivity involves other beings and forces beyond the human species.


Percepções através de multiversos

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo.  O sucesso desse filme emblemático de 2022 demonstra que a sociedade está vivendo  múltiplas realidades simultaneamente. Das identidades e relações fluidas às interfaces tecnológicas cada vez mais imersivas, somos múltiplos em um só ser. Soma-se a isso o interesse crescente em psicodélicos e a busca por colonizar outros planetas e pronto: de uma forma ou de outra, somos convidados a viajar entre diferentes dimensões. 

As obras desse eixo mostram sinestesias – um estímulo sensorial sendo transformado em outro, lidam com os limites do “eu”, abordam a loucura e buscam se comunicar com aqueles que já morreram.

Everything everywhere all at once. The success of this iconic 2022 film demonstrates that society is experiencing multiple realities simultaneously. From fluid identities and relationships to increasingly immersive technological interfaces, we are multiple in one being. Add to this the growing interest in psychedelics and the quest to colonize other planets, and voila: in one way or another, we are invited to travel between different dimensions.

The works in this axis show synesthesia – one sensory stimulus being transformed into another, deal with the limits of the “self”, address madness and seek to communicate with those who have already died.


Estrangeiros em todo o lugar

O tema da Bienal de Veneza 2024 também foi citado por artistas inscritos na SerformanceP 2024. Com “Estrangeiros em todo o lugar”, o curador brasileiro Adriano Pedrosa buscou provocar o ecossistema artístico global a questionar como se define algo ou alguém estrangeiro.

As obras deste eixo reverberam esse questionamento, seja com recomendações sobre riscos da ideologia, seja com a denúncia de problemas habitacionais. Dois artistas criam vídeo performances que usam a cidade de Veneza como cenário para suas execuções.

The theme of the 2024 Venice Biennale was also mentioned by artists registered in SerformanceP 2024. With “Foreigners Everywhere”, Brazilian curator Adriano Pedrosa sought to provoke the global artistic ecosystem to question how something or someone foreign is defined.

The works in this area echo this questioning, whether with recommendations on the risks of ideology or with denunciations of housing problems. Two artists create video performances that use the city of Venice as the setting for their performances.

Performances SerformanceP 2024

SerformanceP é o encontro entre a performance art e o público, em palcos vivos espalhados por São Paulo. A cada obra, executada em sincronia com o fluxo da cidade, descobrimos mais sobre a arte, os artistas, os espaços onde tudo acontece – e também sobre nós mesmos. 

Todas as apresentações são gratuitas e abertas ao público

SerformanceP is the meeting point between performance art and the audience, in vibrant stages scattered throughout São Paulo. With each work performed in sync with the city’s flow, we discover more about the art, the artists, the spaces where everything unfolds—and about ourselves as well.

All presentations are free and open to the public.

Estúdio Lâmina

08 Novembro / November

5pm – 10pm

O Estúdio Lâmina ocupa um prédio histórico construído na década de 1940, situado no centro histórico de São Paulo. Reconhecido por suas residências artísticas, exposições e eventos, o espaço explora diversas linguagens, incluindo artes visuais, performance e música. Com um bar e pista de dança, o estúdio também abriga festas de cultura urbana underground. Seu enfoque colaborativo faz dele um importante ponto de encontro para artistas de diferentes disciplinas, promovendo um ambiente dinâmico e inclusivo no cenário cultural da cidade. 

Estúdio Lâmina occupies a historic building constructed in the 1940s, located in the historical center of São Paulo. Recognized for its artistic residencies, exhibitions, and events, the space explores various languages, including visual arts, performance, and music. With a bar and dance floor, the studio also hosts underground urban culture parties. Its collaborative focus makes it an important meeting point for artists from different disciplines, fostering a dynamic and inclusive environment in the city’s cultural landscape.

Pele Preta e Pele Branca

Pio Santana
São Paulo, SP

Pio Santana, artista, pesquisador e professor universitário, é Doutor em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP, onde também atua como docente. Sua obra apresenta uma ação performática com duas peças de chiffon – uma preta e outra branca – vestidas por duas pessoas simultaneamente. A interação livre entre os participantes investiga as dimensões estéticas, culturais e sociais que emergem do encontro entre diferentes tons de pele. Com duração de 10 minutos, a performance propõe reflexões sobre identidade e convivência a partir da materialidade do tecido e da presença física.

Eixo temático: Percepções através de multiversos 

Escultura Vestível

Herika Reis Kohl
Rio de Janeiro, RJ

Herika Reis Kohlrausch é artista multimídia, pesquisadora do corpo e educadora, com formação em Artes pelo SENAI/CETIQT e em Dança Contemporânea pela Escola Angel Vianna (RJ). Sua prática transita entre dança, performance e artes visuais, destacando-se como idealizadora da obra “Escultura Vestível” (2015). Esse projeto foi apresentado em espaços como o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, o Palco Aberto do FIL (CCBB RJ) e em ruas e espaços abertos, criando um campo de experimentação entre corpo e objeto. Inspirada em artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, a performance explora estímulos sensoriais e limites corporais, proporcionando ao espectador uma experiência única e subjetiva. Herika é também cofundadora do Coletivo Comover e vem participando de diversos festivais e exposições, além de integrar projetos premiados pela Lei Aldir Blanc e Funarte.

Eixo temático: Percepções através de multiversos 

mapear indícios de anarcorpo – somagrama: ativação 2

Reyan Perovano
Cariacica, ES

Reyan Perovano, mestra em Arte pela UFES, é artista, escritora e tatuísta cuja prática se debruça sobre a investigação de gênero, sexualidade e identidade. Suas performances ativam processos entre o real e o inventado, explorando a pele como fronteira e espaço de subjetivação. Em mapear indícios de anarcorpo, Reyan busca desobedecer gestos coloniais de gênero e criar registros que documentem desejos e travessias presentes. A performance envolve o uso de tecidos crus, ataduras, giz, carvão e tintas para gerar uma ativação sensorial em tempo real, compondo uma cartografia viva do corpo e da memória coletiva.

Eixo temático: Percepções através de multiversos 

Joanas D’arcs Reexistem

Silvia Diaz
São Paulo, SP

Atriz, performer e dramaturga, Silvia Diaz refaz, em 2024, uma nova versão do Projeto Joana D’arcs, apresentado em edições anteriores das Satyrianas. A performance, inspirada no mito de Joana D’Arc, reflete sobre a resiliência feminista em uma sociedade patriarcal. Durante a apresentação, as performers permanecem amarradas e com fitas adesivas nas bocas por 20 minutos, até que, aos poucos, se libertam das amarras. A obra é uma metáfora poderosa sobre os silenciamentos impostos às mulheres e a luta por liberdade e expressão.

Eixo temático: A urgência do fim 

22pm – 4am

      • Perfomances SerformanceP @  Festa Grind

A partir das 22h, o Estúdio Lâmina abre suas portas para o Projeto Grind, que há mais de duas décadas mantém uma das pistas de dança mais emblemáticas de São Paulo. A atmosfera hedonista une as culturas LGBT+ e do rock’n’roll, criando um espaço vibrante e acolhedor para a diversidade de corpos e expressões de gênero. Além dos DJs – como seu fundador André Pomba, recentemente falecido – o Grind também se consolidou como uma plataforma de expressão para artistas performáticos, que apresentam suas esquetes no palco montado na pista de dança

Starting at 10 PM, Estúdio Lâmina opens its doors to Projeto Grind, a party that has sustained one of São Paulo’s most iconic dance floors for over two decades. The hedonistic atmosphere bridges LGBT+ and rock’n’roll cultures, creating a vibrant and welcoming space for the diversity of bodies and gender expressions. In addition to the DJs – including its late founder, André Pomba – Grind has also become a platform for performative artists, who showcase their sketches on a stage set up on the dance floor.

Celebre-ação: noite de pregação sapatão

Boleia Coletiva – Teatro Sapatão
São Paulo, SP

Em resposta à falta de coletivos voltados à cultura lésbica, quatro mulheres fundaram, em 2020, a Boleia Coletiva – Teatro Sapatão. Após um período de estruturação, em 2024, apresentam a performance Celebre-ação: noite de pregação sapatão. Nesta obra-laboratório, quatro lésbicas realizam um ritual envolvendo colagem de sola com velcro e cola de sapateiro, pregação com tripé de sapateiro, leitura dos “Dez Mandamentos Sapatônicos” e a construção de um altar.

Eixo temático: Cura coletiva 

Kell convida House of Mutare

House of Mutare
Porto Alegre, RS / São Paulo, SP

Fundadora e mãe da House of Mutare, Kell Barth é uma multiartista LGBTQIA+ que atua nas áreas de música, dança, moda e teatro. Integrante ativa da comunidade ballroom, Kell e sua casa destacam a importância do vogue como forma de expressão e resistência cultural. A intervenção contará com uma performance coletiva de vogue, além de apresentações visuais de categorias como face e runway. A proposta visa familiarizar o público com a cultura ballroom, reafirmando suas raízes afrodiaspóricas e o papel da comunidade trans, preta e latina na criação desse espaço de autoexpressão e celebração de corpos dissidentes e marginalizados.

Eixo temático: Cura coletiva

Menino Positivo

Jon Diegues
São Paulo, SP

Jon Diegues, bailarino, ator, compositor e poeta, expressa sua arte como uma resposta às demandas da vida. Em Menino Positivo, ele conta, por meio de poesia e dança, sua trajetória de superação após o diagnóstico de HIV. A performance retrata as dificuldades enfrentadas e o processo de reencontro com o amor próprio.

Eixo temático: Cura coletiva

Victor Piercing

Victor Lazari
São Paulo, Brasil

Ator performático e professor de maquiagem e criação de personagens, Victor Lazari atua no meio artístico há mais de 30 anos. Conhecido por suas apresentações marcantes com um visual andrógino, uma de suas performances mais icônicas envolve o uso de uma serra que produz faíscas no palco. Victor Piercing é personagem habitué da festa Grind e uma dos principais nomes da performance art em festas noturnas de São Paulo.

Eixo temático: Percepções através de multiversos 

Odynophagia

Marília Hermes
Chapecó, SC / São Paulo, SP

Marília Hermes é uma performer aposentada e organizadora do extinto “Curto Circuito de Performance” em Chapecó, SC. Sua performance Odynophagia faz parte de uma série na qual doces e suspiros são esmagados à força contra sua boca e rosto, satirizando a fetichização dos corpos gordos na sociedade contemporânea. A obra revela a violência implícita na objetificação e idealização desses corpos, questionando as narrativas de controle, consumo e prazer projetadas sobre eles.

Eixo temático: A urgência do fim 

CEU Heliópolis

09 Novembro / November

14h – 17h

      • Workshop
      • Performances

O CEU Heliópolis foi projetado para ser um espaço de inclusão e cultura na maior favela (termo em debate) de São Paulo. O complexo oferece infraestrutura para diversas atividades artísticas e educativas, tornando-se um ponto de convivência para os moradores. A SerformanceP 2024 escolheu como um de seus palcos o CEU Heliópolis, com sua arquitetura assinada por Ruy Ohtake, por sua representatividade e pelo poder de ressignificar a cidade através da arte. Ao ocupar este espaço, o festival conecta performance arte à comunidade em uma experiência única de troca e presença.

CEU Heliópolis was designed to be a space for inclusion and culture in the largest favela (term under debate) in São Paulo. The complex offers infrastructure for various artistic and educational activities, becoming a meeting point for residents. SerformanceP 2024 chose CEU Heliópolis as one of its stages, with its architecture designed by Ruy Ohtake, for its representativeness and the power to redefine the city through art. By occupying this space, the festival connects performance art to the community in a unique experience of exchange and presence.

Mira
 

Juazeiro do Norte, Ceará

Williana Silva é uma artista, educadora e pesquisadora do Ceará, com atuação na intersecção entre arte, feminismo e questões de gênero. Atualmente doutoranda na UNESP e mestra em Artes Visuais pela UFBA, sua produção inclui performances, instalações, vídeoarte e intervenções urbanas. Em Mira, a artista performa uma ação de denúncia sobre a violência patriarcal no Brasil. Sentada no chão, ela lava seus pés com sangue de uma bacia, cercada por facas, e estende tecidos com dados sobre feminicídios e outras violências contra mulheres. O ato transforma um ritual cotidiano em uma denúncia poderosa das opressões coloniais e patriarcais, expondo o impacto brutal dessas violências no corpo feminino.

Eixo temático: A urgência do fim 

Performance de improviso coreográfico

Teresa Ricco
Belo Horizonte, Minas Gerais

Teresa Ricco é bailarina, coreógrafa e artista performática com uma longa trajetória no universo da dança. Durante 15 anos, liderou seu próprio estúdio em Belo Horizonte. Desde 2019, Teresa migrou sua prática para performances em espaços públicos, onde explora a interação entre corpo, cidade e acaso. Em sua performance, a geografia local e objetos encontrados no ambiente se tornam parte da cena, convidando o público a participar livremente e moldando o resultado final. O improviso, marca central de seu trabalho, transforma a rua em palco e desafia as fronteiras entre arte e cotidiano.

Eixo temático: Cura coletiva 

M.U.R.T.A.

Kareen Labbé Weber
Concepción, Chile

Kareen Labbé Weber, conhecida como M.U.R.T.A., é uma arquiteta que desenvolve projetos sustentáveis em seu escritório Atmosphere Architecture. Como artista de performance, integra dança e artes visuais em seu trabalho. Nessa obra, blocos de gesso são moldados aos seus pés, simbolizando as dificuldades enfrentadas pelos sul-americanos em avançar e se desenvolver. A performance progride com a quebra dos blocos, revelando sons e cores, símbolo da resiliência e a capacidade de superação desses povos, projetando uma identidade cultural vibrante para o mundo.

Eixo temático: A urgência do fim

Parque do Rio Bixiga

10 Novembro / November

14h – 19h

      • Workshop
      • Performances

Ainda em construção, o Parque do Rio Bixiga representa uma conquista importante para a preservação de espaços públicos e culturais em São Paulo, fruto da resistência comunitária contra a especulação imobiliária. Localizado no coração do Bixiga, tradicional bairro no centro paulistano, o terreno expressa o desejo de manter a cidade acessível e viva. A SerformanceP 2024 escolheu esse local como símbolo de ocupação artística e cidadã, com performances no entorno do futuro parque, reforçando a ideia de que ele já pertence às pessoas e serve como espaço para criação e experimentação artística.

Still under construction, Rio Bixiga Park represents an important achievement for the preservation of public and cultural spaces in São Paulo, the result of community resistance against real estate speculation. Located in Bixiga, a traditional neighborhood in the central area of São Paulo, the land expresses the desire to keep the city accessible and lively. SerformanceP 2024 chose this location as a symbol of artistic and civic engagement, with performances around the future park, reinforcing the idea that it already belongs to the people and serves as a space for artistic creation and experimentation.

EPO – OU COMO OXIGENAR A REGIÃO DA BIXIGA

Triste Midríase
Sorocaba, SP

O duo Triste Midríase, formado por Urutau Maria Pinto e Maflõ, explora rituais de criação sensorial e performativa, conectando corpo e terra por meio de experimentações híbridas. A performance EPO (nome de um hormônio) explora a criação de ambientes sensoriais imersivos que conectam corpo, arte e ancestralidade. A obra se molda em tempo real, promovendo uma troca profunda entre artistas, espaço e público, abrindo caminho para a circulação de memórias e tecnologias ancestrais. A interação híbrida e performativa busca reoxigenar espaços e corpos, propondo novas formas de relação e criação artística.

Eixo temático: Cura coletiva

Performance sem título
 

Michel Arantes
Cariacica, Espírito Santo

A performance de Michel Arantes propõe uma metamorfose do corpo e da identidade por meio da aplicação de argila e elementos naturais sobre o rosto e outras partes do corpo. Iniciado no chão, com um pote de água e argila, o artista molha e pinta o rosto, expandindo o gesto pelo peito, braços e pernas. Em seguida, ele cobre completamente a cabeça, anulando suas feições e adicionando elementos como galhos, ossos e crânios, transformando-se em uma criatura pertencente à sua própria mitologia. No final da performance, a Figura se desintegra, mas o artista nunca retorna ao estado original, permanecendo em constante transformação ao longo de suas intervenções artísticas.

Eixo temático: Percepções através de multiversos 

exercício para abrir o mar nº 2

Thales Ferreira
Rio de Janeiro, RJ

Thales Ferreira é um artista multidisciplinar que explora as hibridizações entre dança, cinema e artes visuais, focando na relação entre o corpo e a imagem. Com formação em Cinema e Audiovisual pela UFF e atualmente mestrando em Artes da Cena pela UFRJ, ele desenvolve obras que dialogam com temas contemporâneos, como a emergência climática. Em sua performance, utiliza uma película plástica para representar a relação entre as águas e o corpo, criando imagens sonoras e visuais que evocam as tensões entre o controle e a imprevisibilidade. A pesquisa é enriquecida por referências do Butoh-Fu japonês, onde o corpo se torna um meio de reflexão sobre o impacto das mudanças climáticas.

Eixo temático: Percepções através de multiversos 

 

A Alma Perdida

Cia Sem Máscaras de Teatro
São José dos Campos, SP

A Cia Sem Máscaras de Teatro traz uma reflexão profunda sobre a invisibilidade das pessoas em situação de rua nas grandes cidades, através da performance “A Alma Perdida”. A narrativa gira em torno de uma alma que, ao vagar pelo plano espiritual, busca uma nova chance de vida ao se deparar com Deus, apenas para descobrir que não está no plano dos mortos. Com uma homenagem ao humanista Júlio Lancelotti, a performance se aprofunda no desamparo e nas complexas relações entre humanidade e religiosidade, propondo um mergulho filosófico em tempos de desumanidade.

Eixo temático: A urgência do fim 

Videoperformances SerformanceP 2024

Estas são as videoperformances selecionadas para SerformanceP 2024. Além de exibidas no coquetel de abertura da mostra, as obras podem ser reproduzidas aqui nesta página.

These are the video performances selected for SerformanceP 2024. In addition to being shown at the exhibition’s opening cocktail, the works can be reproduced here on this page. 


A urgência do fim

experimentos | PRA JORRAR

Camila Florentino
Rio de Janeiro, RJ – São Paulo, SP

Artista interdisciplinar que transita entre audiovisual, teatro, performance e dança. Mestranda em Dança (UFRJ) e graduada em Artes com concentração em Cinema e Audiovisual (UFBA), pesquisa a Cena Expandida com mediação tecnológica. Participou de trabalhos como o metaverso “ITAARA” (2021), o curta documental “Mórula” (2019), e o projeto “O Feminino na Performance” (2017). A videoperformance “experimentos | PRA JORRAR” aborda o peso das pedras no ventre e a escolha dos corpos com útero entre gestar ou abortar. Foi criada durante o processo de criação do curta “pra jorrar”.

VIDA EN EL COSMOS

Miguel Angel González Merchán
Bogotá D.C., Colômbia

Miguel Angel González Merchán é artista plástico, gestor cultural e docente universitário. Ele apresenta a videoperformance “Vida en el Cosmos”, que questiona a identidade e o poder, abordando temas como violência, política, meio ambiente e o consumo de substâncias psicoativas. A obra reflete sobre a condição da humanidade e seu impacto no planeta, enfatizando a conexão entre todos os seres vivos e a necessidade de cumprir os ciclos naturais.

DESFACELAÇÃO

Alexandre Marchesini
Guarujá, SP

Alexandre Marchesini é ator, professor e diretor, com formação em teatro, letras e artes visuais. Ele apresenta a videoperformance “Desfacelação,” que investiga as fronteiras entre as esferas pública e privada através de uma figura ambígua que transita entre a fragilidade do corpo humano e um corpo vegetal. Utilizando repolhos descartados como parte da performance, a obra metaforiza a desintegração da indumentária, refletindo sobre a luta contra momentos depressivos e a complexidade da existência. A pesquisa tem sido exibida em espaços experimentais e alternativos, proporcionando uma reflexão sobre as dualidades e multiplicidades do ser.

Atonement for Imaginary Sins

Molly Vaughan
Seattle, EUA

Molly Jae Vaughan é uma artista britânica radicada nos EUA, com formação em artes visuais e mestrado em belas artes. “Atonement for Imaginary Sins” é uma performance apresentada no Alabama Center for Contemporary Art em 2023, que incorpora ações de desafio contra a legislação anti-LGBTQIA2S+ nos EUA. Usando um chicote feito a partir de elementos simbólicos da bandeira americana, Vaughan flagela a si mesma uma vez para cada um dos mais de 1.240 projetos de lei propostos contra a comunidade LGBTQIA2S+ desde 2023, denunciando a dor emocional e a resiliência diante do ódio e injustiça direcionados à sua comunidade.

Primary Body – returning to the light

Mila Sarti
Paris, France

Mila Sarti é uma artista visual e performática italiana radicada em Paris. Sua videoperformance “Primary Body – returning to the light” explora questões sobre a opressão histórica dos corpos femininos, o papel da mulher na sociedade contemporânea e a relação entre corpo, natureza e liberdade. A performance critica o essencialismo que associa o corpo feminino exclusivamente à função procriativa, questionando o que é natural ou artificial dentro do contexto de normas sociais. Em contato constante com a natureza, a obra nos lembra da transitoriedade de nossa existência, ao mesmo tempo em que desafia fronteiras e reflete sobre nosso legado.

Truth Comes Out

Robert Ladislas Derr
Columbus, EUA

Robert Ladislas Derr é um artista visual norte-americano que cria performances, vídeos, fotografias e instalações multimídia. Sua videoperformance “Truth Comes Out” foi apresentada em 2022, com duração de três minutos, em HD e com som. A obra explora temas relacionados à verdade e suas manifestações, utilizando a performance como um meio de expressão e intervenção. Derr já se apresentou e expôs em diversos festivais e centros de arte ao redor do mundo, incluindo Riga Performance Festival (Letônia), Schirn Kunsthalle Frankfurt (Alemanha) e Wexner Center for the Arts (EUA).

Don’t Look at the Sun

Anina Müller
Basileia, Suíça / Bruxelas, Bélgica

Anina Müller cria performances que exploram a identidade através da lente dos meios de comunicação pop-culturais e seu impacto na autopercepção. Em “Don’t Look at the Sun”, dois príncipes de contos de fadas passam uma noite turbulenta em salas vazias e inquietantes, lamentando os “bons velhos tempos”. À medida que enfrentam a nova compreensão da masculinidade, a performance expõe a toxicidade associada a antigos papéis de gênero e a dificuldade de encontrar uma expressão para seus sentimentos. Gravada em um edifício demolido logo após as filmagens, a obra reflete sobre a alienação sentida pelos personagens, ampliada pela ausência de público durante a performance.

Qué es Normal?

Miguel González Cordero
San Juan, Porto Rico

Miguel González Cordero é um artista interdisciplinar cuja prática artística tem uma abordagem autobiográfica, entrelaçada com pesquisa sociopolítica e cultural. Seu trabalho desafia as percepções sociais sobre corpos com deficiência, explorando suas interações dinâmicas com objetos e espaços cotidianos. Inspirado por suas experiências pessoais, especialmente em Porto Rico, onde as barreiras arquitetônicas e a infraestrutura inadequada prevalecem, ele investiga as complexidades da acessibilidade e o impacto dos ambientes físicos nas experiências humanas com a diversidade funcional. A obra “Qué es Normal?” aborda a autoaceitação do corpo, questionando os conceitos de normalidade e como as cicatrizes, dispositivos médicos e outras marcas fazem parte da vida e identidade.

Olympia

Alexandre Sá & Amélia Sampaio
Avignon, França / Rio de Janeiro, Brasil

Alexandre Sá, pós-doutor em Filosofia e Artes, vive em Niterói e desenvolve pesquisas em história e crítica de arte. Amélia Sampaio, afro-brasileira com trajetória entre o Rio e Avignon, cria obras que exploram corpo e ancestralidade, dialogando com sua prática no Candomblé. A videoperformance Olympia reinterpreta a obra Lignée (2005), onde Sampaio costura uma máscara de carne sobre um tecido branco, caminhando por espaços públicos do Rio. O trabalho reflete sobre o feminino e a solidão urbana, inspirando-se em Manet para investigar a relação entre corpo, a materialidade da carne e uma cidade em processo de esvaziamento e solidão.

Frank Lahera O’Callaghan (Proyecto Fractura)
La Habana, Cuba

Frank Lahera O’Callaghan, artista cubano com formação em cinema e direção audiovisual, desenvolve trabalhos que transitam entre videoarte, performance e artes visuais experimentais. Com exibições em festivais como BIENALSUR e PhotoEspaña, e premiações em eventos como o Girona Film Festival, sua obra explora as tensões entre rotina e sobrevivência emocional. Na videoperformance Proyecto Fractura, um personagem repete gestos cotidianos, como lavar o rosto em um cubo de água, enquanto recita “Debo seguir adelante”, evocando filosofias asiáticas. A obra reflete o paradoxo entre esperança e desgaste, propondo uma metáfora sobre a perseverança em meio às dificuldades da vida contemporânea.


Cura coletiva

Sussurros da Natureza

Reiko Shimizu
São José dos Campos, SP, Brasil

“Sussurros da Natureza” explora a conexão entre o corpo humano e a natureza, evocando sensação de harmonia, presença e paz interior. Segurando grandes folhas secas, a artista realiza uma série de movimentos meditativos e orgânicos, acompanhados pelo som da natureza. Esta peça é inspirada no Tengu, uma figura sobrenatural da mitologia japonesa, frequentemente vista como protetora das florestas e montanhas. A construção do Tengu e suas forças misteriosas influenciam a maneira como a artista canaliza o espírito do mundo natural através do movimento. “Sussurros da Natureza” é um convite para desacelerar e ouvir o mundo, celebrando nossa conexão com a natureza, influenciada pelo espírito protetor e atemporal do Tengu.

Trees Whisper

Alkistis Voulgari
Atenas, Grécia

Alkistis Voulgari é uma atriz e dançarina que tem explorado suas próprias criações em filme e performance, incorporando teatro, poesia, literatura, dança e arte radiofônica. Seu trabalho, apresentado internacionalmente, busca reconectar o teatro às suas raízes naturais por meio da improvisação em espaços abertos. Na performance “Trees Whisper”, ela dança em uma paisagem natural, imersa na poesia de T.S. Eliot, refletindo sobre a silenciosa vigilância da Mãe Natureza diante das injustiças humanas, enquanto explora a cura que ela oferece a cada retorno.

Flood

Eleas Nobi Faisal
Dhaka, Bangladesh

Faisal é um artista multidisciplinar, diretor e pesquisador cultural que fundou a Bhoirobee, uma organização voltada para a pesquisa cultural e artes performáticas. Seu trabalho explora temas socioambientais, com a produção mais recente, Flood, destacando a resiliência das comunidades afetadas por inundações. A performance combina teatro contemporâneo, dança e arte multimídia, retratando a adaptabilidade das pessoas diante das forças da natureza. Através de movimentos evocativos e narrativas visuais, a peça visa conscientizar sobre a crise climática e a força do espírito humano.

STELI

Stefano Bosco
Turin, Itália

Stefano Bosco é um artista associado ao STALKERTEATRO, um coletivo artístico que trabalha desde 1975 em performances experimentais em contextos socialmente sensíveis. Ele apresenta a videoperformance “STELI,” uma performance interativa e colorida onde os participantes criam uma estrutura gigante com bastões de madeira. Após a construção, o público é convidado a explorar sua criação, promovendo uma ligação entre arte contemporânea e performance. Este projeto educativo e performático, desenvolvido em colaboração com o Departamento de Educação do Castello di Rivoli – Museu de Arte Contemporânea, destaca o potencial colaborativo da arte.

O ILUMINADO LED SHOW

Sylvestre Alexandre
São Paulo, SP

Sylvestre Alexandre é um artista multidisciplinar com mais de 20 anos de experiência em artes performáticas. Ele apresenta a videoperformance “O ILUMINADO LED SHOW,” que leva os convidados a uma viagem musical pelas décadas de 1950 a 2000. O espetáculo mescla performances e comédia interativa com elementos kitsch e referências atuais, como TikTok e memes. Com tecnologia LED de ponta e um personagem que interage com o público, o show destaca os principais passos de dança de cada década, proporcionando uma experiência interativa que explora a nostalgia e a cultura pop.

COMOVER

Cris Fabi
Florianópolis, SC

Cris Fabi é uma artista que explora a videoperformance como uma forma de expressão contemporânea. O vídeo “COMOVER” foi produzido por Guto Neto da Semear Filmes para o encontro do coletivo Corpo Presente, dirigido pelo bailarino e coreógrafo Márcio Cunha. A obra reflete sobre a interseção entre corpo, movimento e emoção, criando um diálogo sensível e profundo.

LA CURACIÓN

Hannelore Grosser
Concepción, Chile

Hannelore Grosser é artista visual, arteterapeuta e praticante de chamanismo. Formada em Arte e Filosofia, desenvolve seu trabalho como mulher medicina, combinando artes, espiritualidade e cura. Em “La Curación”, Hannelore conduz uma experiência de uma hora de transe sonoro, unindo chamanismo e arte. Utilizando tambor, canto e altar, ela cria um espaço ritual em uma sala de teatro escura, convidando os participantes a curar traumas e restabelecer o equilíbrio emocional. A obra culmina em um conversatório para acolher questões e compartilhar experiências.


Percepções através de multiversos

Palm Point

Anqi Deng
Cantão, China / Londres, Reino Unido

Artista e musicista, combina som e imagem em seu trabalho, explorando as interações fluidas entre diferentes elementos. Desde sua chegada a Londres, tem experimentado instrumentos não convencionais e técnicas de execução inovadoras, com foco nas conexões entre psicologia e tecnologia musical. Sua obra “Palm Point” apresenta um instrumento projetado por ela que detecta a frequência cardíaca das pessoas e a converte em variabilidade da frequência cardíaca, traduzindo essas mudanças sutis de emoção em tons musicais contínuos.  Anqi busca, assim, conectar vozes marginalizadas à sua arte, abordando temas sobre a dinâmica entre mulheres e sociedade.

Tomyy art & sounds

Tomyy
São Paulo, Brasil

Tomyy usa a linguagem de DJ e da música eletrônica para explorar a interseção entre arte e som. Suas performances concentram-se nas dinâmicas entre a cabine de DJ e a pista de dança. Inspirado no ambiente urbano e em culturas undergrounds contemporâneas, Tomyy busca criar um diálogo entre o espectador e a performance, levando a uma reflexão sobre a relação entre arte, som e espaço. 

WINDOW WODNIW 2023

Noel Molloy
Roscommon, Irlanda

Noel Molloy, um artista que estudou na Limerick School of Art and Design, trabalha com escultura, mídia mista e arte performática, tendo exibido e criado performances em toda a Irlanda, Europa Ocidental e Oriental, e EUA. Com prêmios do Arts Council of Ireland e experiência em organização artística, sua obra explora a relação entre a percepção visual e a expressão da alma. Sua performance WINDOW WODNIW 2023 destaca essa temática em um diálogo visual profundo e questiona: “If the eyes are the window to the soul then what is the window?”

Rastro sin voz

Alejandro Zertuche
Monterrey,  México

Alejandro Zertuche, autodenominado “Mago del Caos”, é um artista que explora aspectos autobiográficos, ocultismo e tradições mágicas em suas obras. Sua videoperformance “Rastro sin voz”, parte do projeto “Si pudiera recordarlos a todos, preferiría verlos claro”, consiste em chamar quatro amigos já falecidos como uma experiência de espiritismo, enquanto constrói um altar em homenagem a eles. A obra de Zertuche foi exibida em mais de 20 países e abrange diversas mídias, incluindo vídeo, instalação e som, destacando-se em locais como o Tehran Museum of Contemporary Art e o Museo Altillo Beni.


Myrna Renaud

Mayagüez, Porto Rico

Myrna Renaud é uma artista com ampla trajetória na dança contemporânea, performance e teatro pós-dramático. Desde 2010, colabora com Zuleira Soto Román e Eury G. Orsini, do Vueltabajo Teatro. Em 2024, lançaram a trilogia Los frutos del amor, explorando a essência africana na dança caribenha por meio de videoinstalações e performances em espaços emblemáticos de Porto Rico, como a Fundação Luis Muñoz Marín e o Taller Libertá. Juana Caliente “desenha suas curvas, dispõe seu rumo, cresce, morre e renasce a seu gosto e medida.”

The Orphanage

Shani Arazy
Haifa, Israel

Shani Arazy (Cohen), artista multidisciplinar, investiga a percepção do corpo tanto física quanto espiritualmente. Formada pela School of Visual Theatre em Jerusalém, sua pesquisa aborda casos reais de crimes em documentários e experiências pessoais. Co-fundadora do grupo de poesia Pangolin, suas coreografias foram apresentadas em festivais como o Diver Festival e o Spectrum Festival. Em sua obra “The Orphanage”, Shani explora os limites do eu, a mudança do indivíduo em relação à sociedade e o pertencimento a grupos, refletindo sobre as relações familiares e o que significa ser mãe/pai potencial em busca de uma situação existencial de sobrevivência.

São Jorge contra o Dragão

Rodrigo Gallo
Rio de Janeiro, RJ

Rodrigo Gallo é um ator, diretor e roteirista com formação em Psicologia e três pós-graduações. Seu curta “São Jorge contra o Dragão” marca seu primeiro projeto solo, após anos de colaboração com a diretora Hissa de Urkiola da Violino Filmes. O filme é inspirado no conto “Lenda Dourada” do Bispo de Gênova Giácomo de Varazze e retrata a lenda do santo guerreiro que salva uma princesa das garras de um dragão. Gallo também inicia um novo projeto chamado “rústico”, onde todas as cenas são criadas à mão com desenhos em pastel seco.

UNFORTUNATE THESPIANS

Mike Savuica
Bucareste, Romênia

Mike Savuica é diretor, ator e professor assistente, fundador do Monolog Slam Romania e Unfortunate Thespians, com trabalhos apresentados internacionalmente. A videoperformance “Grand Denmark Hotel” é uma adaptação experimental de “Hamlet”, que traz a história clássica para os dias atuais, combinando teatro, dança e música. A peça explora a relação disfuncional entre pai e filho e utiliza um coro para representar os pensamentos de Hamlet, destacando temas de insanidade e opressão em uma perspectiva moderna e visualmente impactante.

VACAS – MÃOS QUE BORDAM NOVIDADES ANCESTRAIS

Thabata Lorena
São Paulo, SP

Thabata Lorena, artista maranhense em ascensão, traz para a performance brasileira uma fusão única de musicalidade e estética teatral. Em VACAS – MÃOS QUE BORDAM NOVIDADES ANCESTRAIS, Thabata apresenta uma instalação performática inspirada nas tradições culturais do Nordeste e na ancestralidade. A exposição inclui personagens híbridos – meio vaca, meio humano – representando opulência e espiritualidade, além de homenagear figuras como o vaqueiro e o sertanejo. Explorando temas de matrigestão e resistência feminina negra, a obra celebra a produção intelectual de mulheres negras e questiona o ciclo de exploração e memória coletiva. A performance também conecta as personagens com o álbum e espetáculo Set, destacando a capacidade de Thabata em transitar entre múltiplas linguagens artísticas.


Estrangeiros em todo o lugar

Sensitive Indoctrination

Tomas Lagūnavičius
Kaunas, Lituânia

Tomas Lagūnavičius é um artista multidisciplinar, reconhecido por sua visão única do mundo através de artes visuais e performáticas, com mais de 37 exposições solo e participações em 56 exposições internacionais. Em sua performance “Sensitive Indoctrination”, ele explora como religiões e ideologias influenciam nossas decisões, refletindo sobre os conflitos culturais e religiosos atuais. Alinhada ao tema da Bienal de Veneza deste ano, “Foreigners Everywhere”, a obra questiona clichês e dogmas para propor um retorno a um modo de vida mais próximo da natureza.

Missing/Scomparso

Karlo Štefanek
Zagreb, Croácia

Karlo Štefanek é um artista multidisciplinar que explora a construção e desconstrução da identidade por meio do autorretrato e da performance. Em Missing/Scomparso, realizado durante a Bienal de Veneza, ele distribui panfletos que o retratam como desaparecido, criando uma interação direta e íntima com o público. Essa dinâmica dá continuidade às intervenções anteriores em Amsterdam e Nova York, nas quais ele questiona o valor da participação e a necessidade de arte, propondo uma reflexão sobre a invisibilidade e o reconhecimento social no contexto contemporâneo.

Together

Oynar Theater Group
Tabriz, Iran

O Oynar Theater Group, fundado em 2000 e dirigido por Mahdi Salehyar, é conhecido por seu trabalho em videoperformance e por explorar temas sociais através de uma abordagem cômica e crítica. A companhia já se apresentou em 15 países, participando de diversos festivais internacionais. A obra selecionada para a SerformanceP 2024 aborda a tentativa de uma mulher de cruzar a fronteira, sendo impedida pela polícia. Em meio a um tom cômico, a personagem negocia e tenta convencer as autoridades, oferecendo uma reflexão irônica sobre controle, resistência e fronteiras.

Danyela June Brown
Nova York, Estados Unidos

Danyela June Brown é uma set-maker transmulata que constrói sets transutilitários com materiais excedentes e softwares de código aberto. Com formação em Estudos Afro-Americanos pela Universidade de Stanford, foi expulsa do programa de Mestrado em Novos Gêneros da UCLA durante sua cirurgia de redesignação de gênero. Suas obras foram apresentadas em instituições como Performance Space New York, Hamiltonian Artists e Hirshhorn Museum Sculpture Garden. Na performance “#OpenToWork”, Danyela tenta baixar documentos não assinados  de um programa de auxílio à habitação do telhado do Performance Space New York para o público abaixo, em uma tentativa de desvendar as complexas interseções entre insegurança habitacional e disforia de gênero.

Corpo Intruso

Daykine Taikina
São Paulo, SP, Brasil

Daykine Taikina é artista multidisciplinar residente em São Paulo, que explora as artes visuais através de vídeo arte e gravura. Sua pesquisa envolve o uso de recursos analógicos de segunda mão e a ressignificação de objetos para a criação de monotipias. Atualmente, foca em técnicas alternativas de revelação fotográfica, como antotipias e cianotipias, imergindo na profundidade do azul. Daykine é artista residente no Estúdio Lâmina e apresentou sua primeira exposição de vídeo arte “Ruídos Pobres” em 2022, como parte do coletivo Berrodark // Express.