SerfomanceP

A Curadoria da SerformanceP funciona como uma grande antena que capta o espírito do tempo transmitido pelos artistas. 

Dezenas de performers enviam suas obras para participar da SerformanceP. Recebemos todas as inscrições e analisamos os materiais. Com base nas propostas enviadas, a curadoria da mostra delineia eixos temáticos que compreendem uma mensagem  do Zeitgeist contemporâneo de cada edição. 

Em 2024, as obras foram articuladas em torno de 4 eixos. Todos foram ilustrados com o uso de inteligência artificial com prompts guiados pela estética dos povos Huichol, nativos da região do México. Com isso, a SerformanceP busca alimentar o imaginário tecnológico com imagens decoloniais.

SerformanceP Curatorship works like a large antenna that captures the spirit of the time transmitted by the artists.

Dozens of performers send their works to participate in SerformanceP. We receive all applications and review the materials. Based on the proposals sent, the exhibition curator outlines thematic axes that comprise a message from the contemporary Zeitgeist of each edition.

In 2024, the works were organized around 4 axes. All were illustrated using artificial intelligence with prompts guided by the aesthetics of the Huichol people, native to the region of Mexico. With this, SerformanceP seeks to feed the technological imagination with decolonial images.


A urgência do fim

As pessoas estão cansadas. As obras deste eixo mostram artistas que querem uma saída, voltar à luz, deixar a verdade sair. Prédios demolidos, carnes expostas em público, autoflagelos e mantras de sobrevivência são símbolos que mostram um desejo de escapar deste cenário apocalíptico.

Esse caminho passa pela revisão de paradigmas. Adiar o fim do mundo, uma expressão de Davi Kopenawa bastante difundida por Ailton Krenak, lideranças indígenas brasileiras, também fala deste processo. 

People are tired. The works in this area show artists who want a way out, to return to the light, to let the truth out. Demolished buildings, flesh exposed in public, self-flagellation and survival mantras are symbols that show a desire to escape this apocalyptic scenario.

This path involves reviewing paradigms. Postponing the end of the world, an expression by Davi Kopenawa widely spread by Ailton Krenak and Brazilian indigenous leaders, also speaks of this process.


Cura coletiva

O ser humano é um animal social. Desde crianças, nos reunimos para brincar sem motivo algum a não ser o prazer. Da mesma forma, ainda que – ou melhor, sobretudo enquanto – adultos, também podemos nos reunir para dançar e brincar como forma de nos curar.

As obras deste eixo mostram grupos de pessoas se encontrando para danças, brincadeiras e rituais de cura. A conexão com a natureza por meio de movimentos circulares e que mimetizam as águas também mostra que a coletividade envolve outros seres e forças além da espécie humana. 

Human beings are social animals. As children, we gather to play for no reason other than pleasure. Likewise, even as adults, or rather, especially as adults, we can also gather to dance and play as a way of healing ourselves.

The works in this section show groups of people meeting to dance, play and perform healing rituals. The connection with nature through circular movements that mimic the waters also shows that collectivity involves other beings and forces beyond the human species.


Percepções através de multiversos

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo.  O sucesso desse filme emblemático de 2022 demonstra que a sociedade está vivendo  múltiplas realidades simultaneamente. Das identidades e relações fluidas às interfaces tecnológicas cada vez mais imersivas, somos múltiplos em um só ser. Soma-se a isso o interesse crescente em psicodélicos e a busca por colonizar outros planetas e pronto: de uma forma ou de outra, somos convidados a viajar entre diferentes dimensões. 

As obras desse eixo mostram sinestesias – um estímulo sensorial sendo transformado em outro, lidam com os limites do “eu”, abordam a loucura e buscam se comunicar com aqueles que já morreram.

Everything everywhere all at once. The success of this iconic 2022 film demonstrates that society is experiencing multiple realities simultaneously. From fluid identities and relationships to increasingly immersive technological interfaces, we are multiple in one being. Add to this the growing interest in psychedelics and the quest to colonize other planets, and voila: in one way or another, we are invited to travel between different dimensions.

The works in this axis show synesthesia – one sensory stimulus being transformed into another, deal with the limits of the “self”, address madness and seek to communicate with those who have already died.


Estrangeiros em todo o lugar

O tema da Bienal de Veneza 2024 também foi citado por artistas inscritos na SerformanceP 2024. Com “Estrangeiros em todo o lugar”, o curador brasileiro Adriano Pedrosa buscou provocar o ecossistema artístico global a questionar como se define algo ou alguém estrangeiro.

As obras deste eixo reverberam esse questionamento, seja com recomendações sobre riscos da ideologia, seja com a denúncia de problemas habitacionais. Dois artistas criam vídeo performances que usam a cidade de Veneza como cenário para suas execuções.

The theme of the 2024 Venice Biennale was also mentioned by artists registered in SerformanceP 2024. With “Foreigners Everywhere”, Brazilian curator Adriano Pedrosa sought to provoke the global artistic ecosystem to question how something or someone foreign is defined.

The works in this area echo this questioning, whether with recommendations on the risks of ideology or with denunciations of housing problems. Two artists create video performances that use the city of Venice as the setting for their performances.